Há algum tempo, ouvi de uma jovem que eu era uma velhinha tecnológica. Ainda estou em dúvida se gostei ou não, mas o que importa é que realmente sou uma velha tecnológica. Amo tecnologia desde que ela me foi apresentada, isso no início dos anos 90, quando os primeiros computadores apareceram no meu trabalho. E era no Word da vida que eu fazia minhas traquinagens visuais. Só muito tempo depois vieram o Corel e o Photoshop – aí não resisti e pedi o computador em casamento.
Sempre fui, entre meus amigos, um ser meio estranho. Enquanto a maioria das pessoas da minha idade era arredia às novas tecnologias, eu fui a fundo, queria saber tudo, queria trabalhar com ela e, para isso, sempre estudei muito. Não podia ver um novo curso que lá estava eu matriculada – uma estranha no ninho de jovens. Atualmente, estou novamente entre jovens, matriculada em outra pós, agora de Gerenciamento da Comunicação em Mídias Digitais. E hoje, na aula, apresentaram-me uma enquete que mostra o aumento de acessos às redes sociais entre pessoas com mais de 55 anos. Aí não tive dúvida, corri para meus amigos, que possuem mais de 55, fiz uma pesquisa entre eles e acabei me surpreendendo com alguns dados.
A grande maioria está usando as redes sociais há mais de 15 anos, ou seja, não houve aumento de pessoas com mais de 55 anos, nós é que estamos envelhecendo junto às redes sociais. Contudo, diferentemente dos mais jovens, demoramos um pouco mais a nos adaptarmos ao surgimento das novas redes sociais. Enquanto muitos achavam que estávamos encerrando a nossa fase de aprendizado e de conquistas, fazendo apenas trabalhos irrelevantes, como artesanato e outras atividades – apenas para ocuparmos nosso tempo -, estamos voltando aos bancos das faculdades, enfrentando novos projetos profissionais, novo casamento e ainda respondendo aos apelos da economia de mercado.
Um dos entrevistados contou sobre as vantagens de estar nas redes sociais. “Infinitas são as vantagens para quem entende que é uma ferramenta que pode dar suporte ao seu trabalho e fonte inesgotável de informação”. O mais impressionante é que a grande maioria vê como única desvantagem o tempo que se fica nas redes sociais, o que não difere das reclamações feitas pelos mais jovens. Veja o que disse outro entrevistado com mais de 55 anos: “A desvantagem é que queremos estar conectados o maior tempo possível”.
Empresas de tecnologia antenadas nesse novo nicho de mercado lançam produtos específicos para esse público, é o caso do Stitch, uma rede social para relacionamento entre idosos (apenas na Califórnia e em New South Wales, Austrália).
Diferente do que pensamos, muitos dos entrevistados não aprenderam a usar a internet com os filhos e sim fazendo cursos ou simplesmente “fuçando”, como disseram. Como podem ver a curiosidade não é algo inerente à idade. A grande maioria, quase todos, possui curso superior e alguns, mesmo com sua vida profissional ideal, voltou a estudar ou está fazendo algum tipo de pós-graduação.
Apesar de passarem menos tempo nas redes sociais que os jovens, cerca de 3 horas diárias, os mais velhos, menos narcisistas que os jovens, veem nas redes sociais não uma forma de se exibir, mas uma nova forma de contato e conexão e, por isso, envolvem-se menos em comportamentos agressivos. Os assuntos que buscam em redes sociais e sites são infinitos, desde mecânica e aviação até relacionamentos amorosos. Destaque para notícias, viagens, decoração, culinária e compras.
O título usado por um dos entrevistados na pesquisa resume muito bem como pessoas mais velhas se sentem frente a essa nova tecnologia: “Aposentados, felizes e conectados!”
Se você é como eu, tem mais de 55 e não deixa de dar uma espiadinha nas redes sociais todos os dias, me conta: Por que essa nova tecnologia te fascina tanto?
Fonte: Amigos do Facebook, Terra, Gagarin, Blog Folha.
Muito bom o post, Leia! Seu texto tem fluência, pega o leitor pela mão na primeira frase e o conduz em um delicioso passeio pelas ideias. Vc foi bem além do solicitado, parabéns! Palermo.
Ahhh que legal! Obrigada teacher!